sábado, 13 de fevereiro de 2010

...tem o direito a permanecer calado. Use-o!



Já é o segundo post de hoje.. mas como não me recordo bem de ter escrito o primeiro, vai este também.

Hoje foi um dia de reflexão para mim. Em parte por ter os meus movimentos severamente limitados devido a uma cabeça que se assemelha a um campo de batalha e também a não haver muito que tivesse que fazer hoje, fiz as compras para a semana toda, então nem o prazer de andar feito burro de carga do supermercado para casa tive.

É nestes dias que percebemos do que temos saudades. São as pequenas coisas apenas, que pouco valorizamos quando as temos. É uma frase totalmente cliché mas não temos noção de quão verdadeira é até passarmos por isto.
Agora vai a frase mais “bicha” que disse na vida: tenho saudades do meu gato. Absolutamente ridículo mas andar meia hora por dia atrás dele para o tirar de casa quando se chega as 4 da matina e só se quer dormir deixa marcas. É um ritual. Um hábito. Os seres humanos são criaturas de hábitos, somos resistentes à mudança.
Mas sim, tenho saudades do meu gato. É obvio que da minha família também, e como sei que eles seguem o blog deixo aqui abraços e beijinhos para eles! Agradeçam todos os outros pois é devido à minha família ler o meu blog que não posso ser totalmente honesto aqui…

Mas agora vou ser sincero. Estou a escrever agora porque devia estar a estudar. Como qualquer bom universitário, quando temos que estudar a nossa casa passa a estar mais limpa, os nossos blogs e facebooks estão sempre actualizados, os programas mais utilizados no computador passam a ser o solitário e o minesweeper e cozinhamos as comidas mais complicadas de sempre. Porquê? Porque não apetece. Principalmente sem pressão. Diferentes das aulas em Portugal, as tutorias aqui em Salford funcionam a serio! Não são as horas dedicadas a jogar uma suecáda no Monte Branco, ou a torrar na praia. Os profs levam já material preparado apenas para discussão com os alunos, ou seja, sabes falas, não sabes já foste. Numa turma em que se afirmam coisas memoráveis como, discutindo sobre em que tipo de empresas se enquadra o tipo de pessoa muito introvertida e desconfiada:

Aluno: - Ah devem trabalhar numa farmácia.
Professora: - Porquê uma farmácia? Esperava exemplos como policia, contabilidade, auditoria.
Aluno: - Como são desconfiados podem estar sempre a confirmar o prazo de validade dos medicamentos.

Usando as palavras imortais do Rata da TUB, CHUMBA-TE!
Se fosse só um assim… mas infelizmente a liberdade de expressão tem destas coisas. A Constituição da República Portuguesa, que imagino que não difira muito de outras, diz o seguinte:

Artigo 37.º
(Liberdade de expressão e informação)
1. Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos nem discriminações.
2. O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma de censura.
3. As infracções cometidas no exercício destes direitos ficam submetidas aos princípios gerais de direito criminal ou do ilícito de mera ordenação social, sendo a sua apreciação respectivamente da competência dos tribunais judiciais ou de entidade administrativa independente, nos termos da lei.
4. A todas as pessoas, singulares ou colectivas, é assegurado, em condições de igualdade e eficácia, o direito de resposta e de rectificação, bem como o direito a indemnização pelos danos sofridos.

Fonte: http://www.aacs.pt/legislacao/CRP_2004.HTM

Há aqui um pequeno lapso na lei. Ao termos o total direito de expressar o que pensamos, muitos de nós esquecemos algo importante: será que devemos? Ultimamente não tenho visto tanto isso, porque não tenho televisão, mas em Portugal é comum acordarmos para um interessantíssimo debate politico protagonizado pelos “VIPs” do nosso país, como ex “estrelas” do bigbrother, pseudo-videntes, em que expressão a sua opinião. Têm o total direito de o fazer. Sério? No mesmo ponto eu que diz que temos o direito de expressar os nossos pensamentos diz também que temos o direito de estar informados. A falha é que uma coisa não está dependente da outra. Podemos dizer o que pensamos, mesmo que só pensemos em parvoísses sem qualquer sentido. O importante hoje em dia é ter uma opinião. Eu Acho que… Eu penso que… Na minha opinião, eu acho que… (frase mais parva e redundante do vocabulário comum português). Toda a gente tem uma opinião formada sobre todos os assuntos. É a minha opinião, formada por mim porque tomei conhecimento de um assunto, pesquisei, meditei sobre as implicações e desenvolvi uma tese própria. ERRADO! A opinião deles é formada por pseudo-jornalistas mais que parciais (um abraço à Moura Guedes, saudades de ter a certeza todas as 6as à noite que há alguém mais incompetente e deprimente que eu no mundo e que ainda assim tem sucesso) ou apresentadores de programas matinais cujo único trabalho é deitar por água abaixo todo o esforço que o nosso país a beira-mar plantado fez para se tornar um pouco mais culto ao longo de séculos de deprimente história de burrice crónica e incompetência aguda. Mas estamos mais educados agora! Sim, qualquer pessoa tem acesso à escolaridade obrigatória e mesmo ao ensino secundário com qualquer idade! Que felizes que somos agora. =) Com 3 anos de árduo estudo e preparação reduzidos a alguns meses de pequenos trabalhos e aulinhas da treta, estas pessoas conseguiram ganhar o direito a ter uma opinião e dizer o que pensam, porque agora têm o 12º ano… são cultos… têm estudos. A culpa é do Sócrates que facilitou as coisas. Claro, ele também foi culpado pelas casas ilegais que caíram por estarem demasiado perto do mar, da seca de há uns anos e das cheias o ano passado. A igreja está a pensar demitir o diabo e contratar o Sócrates como nova causa dos males da humanidade.
A culpa só pode ser dele, em 3 meses não se aprende o mesmo que num ano inteiro de estudos. Só se aprende o básico. Acordem. Lá por se fazer as coisas em 3 meses e só termos o básico, não significa que não possamos aprender o resto por conta própria! Fiz o meu 3º ano de faculdade sem lá pôr os pés praticamente e não foi por isso que não aprendi o que tinha que aprender e até um pouco mais. Curiosidade, interesse, vontade de evoluir e progredir. Isso faz falta no nosso país. Não passaremos nunca da cepa torta se as pessoas que orgulhosamente exprimem a sua opinião dizendo: haha tiramos o secundário em 3 meses sem fazer um cu para isso… safamo-nos bem!!
Sim a famosa cultura da lei do menor esforço. Foi para isso que houve o 25 de Abril, para em vez de ser a censura que nos impede de ter conhecimento das coisas, ser a nossa própria estupidez que nos impede de chegar mais além. O Salazar deve estar a dar pulinhos na túmulo, a rir de quão pequeninas são as ambições dos portugueses.  Foi para isto que conquistámos a liberdade, para sermos incompetentes por vontade própria!
Contra os canhões marchar! Se possível, sejam atingidos e livrem o mundo da vossa presença, o planeta já tem excesso de população e tudo! Isto é para “portugueses” de todas as nacionalidades, a incompetência é uma opção, se não têm nada de construtivo para dizer, ehpah, fiquem calados.
 

Beijos e abraços



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