quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

R

…esperar… desesperar

Porquê esperar tanto por algo o torna cada vez menos desejável?
Não devia ser o oposto?
Estamos num restaurante e tudo nos parece bom.. Fazemos o nosso pedido. A partir desse exacto momento, cada minuto que passa torna o que pedimos pior, mais amargo, menos desejável, ao ponto de quando chega só nos apetece devorar tudo o mais depressa possível. Já pensaram quantas vezes se lembram realmente do sabor de um certo prato? Mesmo o sabor, que aproveitaram cada dentada. Eu conto pelos dedos talvez.
Não está na natureza humana esperar pelo incerto. Tentamos sempre estabelecer um prazo para tudo. Porquê? Porque sabemos que apenas temos determinado tempo para fazer certas coisas, que os anos vão passar, que cada segundo que passa é um segundo perdido. Ninguém quer chegar ao fim da vida a contar segundos perdidos, certo? Mas é o que fazemos sempre. Olhar para trás. Porquê? Não podemos alterar o passado. Está certo que podemos aprender dele, mas quantas pessoas realmente o fazem quando importa? Quantos olhamos para algo importante que fizemos o ano passado e dizemos olha fiz isto mal não se vai repetir. Ou isto está a prejudicar-me, vou deixar de fazer. Não, vamos pensar, tenho tempo, logo resolvo, não pode ser assim tão mau.

E esperamos. Esperamos pelo dia e a hora certa para algo, mas porque deve haver um dia certo para mudar? O que é que dia 21 de Outubro de 2014 tem de diferente de 9 de Fevereiro de 2010? Fazer algo hoje possivelmente facilitaria a situação que teria de ser resolvida em 2014. Mas não o vamos fazer. Apesar de sabermos as consequências a maioria de nós vai se acomodar a nossa vida medíocre pensando que não poderíamos estar melhor. Como sabemos que estamos no nosso melhor? Quando todos a nossa volta estão pior? Talvez… isso torna a nossa vida relativa, a nossa felicidade dependente da infelicidade dos demais. Logo, a nossa vida passa a ser dependente daqueles que consideramos inferiores e como consequência eles tornam-se mais importantes que nós. Engraçado não é?

E continuamos à espera. Do dia perfeito. Como sabemos que foi o dia perfeito? A nossa definição de perfeição é assim tão completa que podemos imaginar 24h sem nada correr contra o que queremos? Sem perder tempo no trânsito, com o trabalho a correr bem, ir aos sítios que queremos sem nenhum almoço se atrasar e estar tudo exactamente como imaginamos? Nunca tive um dia assim. Não sei se quero um dia assim. Um dia perfeito tornaria todos os dias antes e depois redundantes. As pequenas coisas perfeitas de um dia acabam por ser mais valoráveis que um dia inteiro do que gostamos. As panquecas ideais de manhã, a noticia agradável no jornal, o patrão doente em casa… o dia melhora todo com estes pequenos eventos e ainda assim ninguém dá o devido valor a essas coisas, apesar de serem a causa da sua felicidade.

Chegamos ao limite da espera… O meu almoço não vem? Só um segundo, temos muito movimento hoje.
Quem não ouviu isto? Já não queremos saber se o bife vem mal passado, se as batatas são fritas ou cozidas, queremos o almoço. E rápido. É a fase mais perigosa. Podemos explodir com alguém muito facilmente. A espera cansa. Principalmente se vemos os que chegaram depois serem servidos primeiro. Quem nos mandou pedir a caldeirada? Pedíssemos o bitoque que já estávamos na sobremesa. Quanto mais complexo o que queremos mais ansiosos estamos por tê-lo, menos o aproveitamos depois. E o interesse vai descendo. E vamos pensando em todas as coisas que poderemos fazer… ou não… automaticamente vamos pensando duas vezes. Será que a espera valeu a pena? Será que me vou desapontar? Encontramos defeitos e falhas imaginários que materializamos nas coisas. Não existiam, a espera criou esses defeitos. Indecisão. Escolha certa? Sem dúvida que era na altura!! Mas as coisas que abdicámos para a ter? O custo de oportunidade? Aquilo que abandonamos para correr atrás do que realmente achámos que devíamos ter? Era a coisa certa. Eu sei disso. Foi o que escolhi. Já agora porque escolhi? Já foi há tanto tempo. Esperei demais. Esqueci para que queria? Não, não pode ser. De certeza que não sou idiota a esse ponto. Oh meu Deus.

É nesta altura que inevitavelmente nos lembramos Dele. Esperámos demais. O ser humano não nos conseguiu dar aquilo que prometeu, então lembramos do divino. Tarde demais. Só te lembras de Sta Barbara quando há trovões não é? Aguenta a bronca. E mais por orgulho que por necessidade aguentamos. E vamos aguentando, e tudo acumula. E já odiamos aquilo porque tanto esperámos.

Desesperamos.

Não deixamos de querer, claro, mas metemos na cabeça que a espera nos matou. E partimos. Olhamos em volta, vemos a loja ao lado. A roupa é parecida, não tenho que esperar uma semana para que chegue o meu número. Boa! Que erro… ou não, o nosso desespero pode ter criado uma nova oportunidade, uma arma natural que nos permite seguir com a nossa vida sem estarmos parados no tempo. Sim é isso! Já tenho calças para hoje à noite!
Será que é esse desespero e escolha que formam o nosso legado? Lembramos as pessoas por o que elas escolheram por não terem aquilo que queriam? Quem sabe… no fim não passamos de um nome e número, que se vai desvanecendo e sendo esquecido com o passar do tempo. E o tempo passa. Mas o que eu consegui não será esquecido! Mas nem sequer consegui o que queria inicialmente, fui tendo segundas escolhas… mas ainda assim coisas importantes… pois, sim, é isso…

E enganamo-nos assim. Devagarinho matamos cada célula do nosso corpo por não termos paciência. Por termos medo do desapontamento que a espera nos causou. Parece simples não é?
Este texto era para ser diferente. Era para dedicar às pessoas que nos fazem felizes e que com muita certeza posso afirmar que ainda nos vão fazer. Mas cansei-me de esperar. De desistir, de não ver o que está à minha volta. Desesperei, desisti, cansei. Será? Não sei. Mas se não sei quem sabe? Deveria saber. Só eu posso saber e agir certo? O mundo à minha volta não pode mudar por mim, certo? Ou será que está a mudar neste momento e eu não estou lá para ver porque, no fundo, não me cansei, não desisti, não desesperei, ainda estou a espera. Do quê? De ti? Diz-me tu.

Beijos e abraços

1 comentário:

  1. ...traigo
    sangre
    de
    la
    tarde
    herida
    en
    la
    mano
    y
    una
    vela
    de
    mi
    corazón
    para
    invitarte
    y
    darte
    este
    alma
    que
    viene
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    desde mis
    HORAS ROTAS
    Y AULA DE PAZ


    TE SIGO TU BLOG




    CON saludos de la luna al
    reflejarse en el mar de la
    poesía...


    AFECTUOSAMENTE:
    RUDI


    ESPERO SEAN DE VUESTRO AGRADO EL POST POETIZADO DE CABALLO, LA CONQUISTA DE AMERICA CRISOL Y EL DE CREPUSCULO.

    José
    ramón...

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